Sobre álbum de mutações

Descrição do post.

Michelle Vila-Flor

9/18/20232 min read

Falar a respeito do processo de escrita desse livro é complexo. Primeiro porque muitos dos textos escritos não foram pensados para estar em um livro. Segundo porque ainda tenho minhas dúvidas a chamá-los de poemas. Antes, é preciso falar que tudo se iniciou em 2007. Após estar há pouco tempo na faculdade de Letras Inglês, passei por muitos questionamentos relacionados a todos os aspectos da minha vida. Quem me conhece, sabe que sou uma pessoa de falar pouco, mais observadora. Assim, nesse período senti necessidade de escrever em outro formato que não o diarístico, pois este eu mantinha desde muito nova. Foi quando começaram a surgir alguns dos textos que hoje estão em Álbum de mutações. Toda vez que eu sentia que era preciso ir além das linhas do diário, eis que brotava este outro formato, o qual eu ainda não sabia o que viria a ser. E por uma questão de organização e acesso rápido de onde eu estivesse, decidi colocá-los em um blog, o Inquietos devaneios. Aliás, este foi o primeiro título pensado para o livro. A ideia de selecionar esses textos e montar uma estrutura para o livro veio em 2020, em meio a um longo período de isolamento social em que novamente me vi rodeada de questionamentos. E a decisão de que o livro abrangeria o que foi escrito até este período não foi por acaso: no fundo eu sabia que esse momento era um divisor de águas na minha vida e no mundo, e que tudo que eu escrevesse depois não faria sentido entrar neste projeto. A escolha por enfim chamá-lo de poemas se deu depois de muito refletir e também considerar outras possibilidades. Então iniciou-se um momento de seleção e o que eu gostaria de retratar, e novamente a intuição me trouxe por um caminho inesperado: ao reler os textos selecionados, não restava dúvidas de que se tratava de um livro sobre o processo de amadurecimento, com todas as incertezas, dúvidas, angústias, alegrias, levezas, pesos, adeuses, perdas, ganhos, enfim, a complexidade da vida acontecendo. A vivência e a observação de outras vivências. E, por fim, a gratidão de poder habitar esta vida e vivê-la em todas as suas nuances, em que eu posso de vez em quando parar e ter um momento para folheá-la como um álbum de mutações.